De todas as coisas que acontecem no decorrer da vida é certo como a morte que nunca somos os mesmos do minuto anterior, quem dirá da semana, do mês ou ano passado. Todo acontecimento, por menor que seja, por menos importante que pareça, nos muda sem a devida permissão. Alguns momentos são melhores que outros e nos fazem maiores, outros nos deixam tão pequenos diante da imensidão do mundo e temos a certeza que seremos esmagados por todos esses pés gigantes que correm constantemente de um lado ao outro. Às vezes somos mesmo. Perdemos a respiração, nos ferimos e levamos as cicatrizes. Então esses dias te vi passar da janela lá de casa e me perguntei quão profundas eram suas marcas. Menores que as minhas provavelmente. Talvez meros arranhões. É um tanto estúpido de minha parte que eu tenha dado espaço para sua presença me mudar tanto durante todo esse tempo. É loucura minha, mas ainda guardo cada marca e de vez em quando ainda me vejo como um grãozinho na multidão. Sua simples existência me mudou de tal forma que acredito ninguém mais poderá modificar essa passagem.
Provavelmente nem imagina quantas e quantas vezes parei em frente a uma folha em branco tentando preenchê-la de forma a te explicar a diferença de quem eu era no início de tudo e de quem sou hoje. Sobram sentimentos, mas me faltam palavras.

Jéssica de Paula

Ausência

by on 19:21
De todas as coisas que acontecem no decorrer da vida é certo como a morte que nunca somos os mesmos do minuto anterior, quem dirá d...
Todo mundo precisa de um tempo. Dos problemas, das pessoas, das palavras, de si mesmo. Todo mundo precisa de um tempo longe, se afastar e olhar de outro ponto e, talvez, tomar ciência de quem se é e do que se tem feito. Todo mundo chega em um ponto em que o cansaço bate e não se quer desabafar simplesmente porque não há palavras suficientes para expressar aquele cansaço, a sensação de que nada acontece como se espera e o quanto isso magoa.
Todo mundo precisa de um tempo. Todo mundo precisa de espaço.
Pode parecer falta de interesse nos outros, na escrita, na palavra, mas não é. É só cansaço, é só a necessidade de se retirar e ter uma conversa muito séria consigo. É um momento de percepção e questionamentos pessoais: o que eu realmente quero? O que eu realmente tenho feito?
Então é isso. Acho que é. Essa ausência foi meu tempo, meu espaço. Esse foi meu momento de me afastar e olhar de outro ângulo.
Mas a gente volta. Aos amigos, às palavras, às coisas de antes, mas nunca igual. A gente volta com outra percepção de mundo, com outra visão de vida. A gente volta diferente e é evidente a quem olha, a quem ouve ou a quem lê. Não tem mais aquele jeito de ser ou escrever, mas nada disso é necessário, mas sim a volta. Quando a gente volta, ah, isso sim, é essencial.
Todo mundo precisa de um tempo.
Mas a gente volta.
A gente sempre volta.

Jéssica de Paula

A gente sempre volta

by on 11:30
Todo mundo precisa de um tempo. Dos problemas, das pessoas, das palavras, de si mesmo. Todo mundo precisa de um tempo longe, se afastar e ...