De todas as coisas que acontecem no decorrer da vida é certo como a morte que nunca somos os mesmos do minuto anterior, quem dirá da semana, do mês ou ano passado. Todo acontecimento, por menor que seja, por menos importante que pareça, nos muda sem a devida permissão. Alguns momentos são melhores que outros e nos fazem maiores, outros nos deixam tão pequenos diante da imensidão do mundo e temos a certeza que seremos esmagados por todos esses pés gigantes que correm constantemente de um lado ao outro. Às vezes somos mesmo. Perdemos a respiração, nos ferimos e levamos as cicatrizes. Então esses dias te vi passar da janela lá de casa e me perguntei quão profundas eram suas marcas. Menores que as minhas provavelmente. Talvez meros arranhões. É um tanto estúpido de minha parte que eu tenha dado espaço para sua presença me mudar tanto durante todo esse tempo. É loucura minha, mas ainda guardo cada marca e de vez em quando ainda me vejo como um grãozinho na multidão. Sua simples existência me mudou de tal forma que acredito ninguém mais poderá modificar essa passagem.
Provavelmente nem imagina quantas e quantas vezes parei em frente a uma folha em branco tentando preenchê-la de forma a te explicar a diferença de quem eu era no início de tudo e de quem sou hoje. Sobram sentimentos, mas me faltam palavras.
Jéssica de Paula