Tinha uma folha de papel em branco na qual rabisquei várias e várias vezes tentando te escrever e contar como tem sido, mas a folha se encheu de rabiscos avulsos e palavras soltas. Não fazia sentido nada do que escrevia, talvez porque nem eu mesma esteja conseguindo entender como tem sido, porque basicamente tem sido uma loucura e é sempre você que coloca tudo em lugar, entende? Você acomoda tudo dentro de mim e parece que sua simples presença me torna mais capaz de segurar tanta carga mesmo que eu não seja capaz de te explicar o motivo de tanta desordem aqui dentro. Mas você tem esse dom de me acolher mesmo que nem sempre entenda o que tento dizer. Desculpe por todas as palavras vagas que te jogo apenas esperando sua compreensão num abraço, deve ser tudo tão sem nexo na sua cabeça porque na minha própria mente é tamanha confusão. Tantas palavras, mas nenhuma frase, nenhuma poesia em nada.
Tentei usar aquela folha, mas era mais fácil na tela porque quando apago ninguém percebe as baboseiras anteriores que eram piores que estas atuais. Na folha é tão mais visível minha desorientação e até risível.
Tenho andado em círculos. Na vida e nas palavras. Escrevo tanto e deve ter percebido que não digo nada porque, sinceramente, queria poder te dizer alguma coisa mesmo de longe, mas é muito mais fácil dizer como me sinto só ao te olhar daquele jeito de quando preciso dos seus cuidados que se resumem em um abraço, um beijo e alguma frase qualquer que me faz sentir em casa.
Tentei escrever sobre como andam as coisas, sobre como me sinto com relação à vida e como me faz falta, mas acho que não me fiz muito clara. A verdade é que sobram os sentimentos e me faltam as palavras.

Música recomendada: Fix you

O que eu não sei dizer...

by on 02:03
Tinha uma folha de papel em branco na qual rabisquei várias e várias vezes tentando te escrever e contar como tem sido, mas a folha se ...
Feliz ano novo, blog novo e resenha nova, minha gente.
Como podem ver, ontem mudei um pouco a cara do blog e hoje a primeira postagem do ano é uma resenha que venho prometendo há tempos, mas, assim como o blog, fui deixando para depois e priorizando problemas. Então agora finalmente estou trazendo para o blog a resenha de um conto (minha primeira resenha sobre conto, aliás.) de uma amiga e escritora já conhecida no mundo blogueiro/literário, a Nina Spim.
"Sempre esperamos o começo de algo: das férias, do ano letivo, da aula de ballet. Mas nunca sabemos se, no decorrer daquilo, algo ainda mais extraordinário pode acontecer."
Escolhi a frase acima porque marca bem o que este conto nos traz. Ele começa em uma sala de aula com Giovana, uma estudante de 13 anos que parece conhecer algo novo dentro de si que nunca despertara antes até o momento em que conhece Laura, a novata tímida "rejeitada" pelos demais na escola. Ninguém parece ver nada demais na garota nova, é só mais uma aluna nova que não vale a atenção, mas Giovana vê em Laura algo diferente que só ela é capaz de notar e, se isso assusta de início, logo toma coragem de sentir-se em paz para seguir suas vontades por mais bagunçadas que pareçam, pois algo lhe diz que, sim, vale a pena ignorar os outros e agir por si mesma.
Por ser em primeira pessoa, o conto parece bastante com um relato da personagem Giovana e, ao mesmo tempo, uma carta que talvez não tenha a intenção de ser enviada para a outra menina. Sabe quando desabafamos um momento sobre alguém, mas não necessariamente iremos um dia deixar o outro ler? Me passou bastante essa impressão.
Giovana narra toda a manhã em que observa e se aproxima de Laura, nos conta sobre a confusão e estranheza de um sentimento novo que parece existir dentro dela e, ao final, existe uma reticências. Não sei se terá ou não continuação, mas o final fica aberto para essa possibilidade ou apenas para nossa própria imaginação do que pode acontecer nos dias seguintes.
Conheci a Nina Spim por causa da escrita e sempre gostei dos seus trabalhos então, obviamente, sou suspeita para falar, mas acredito que o ponto principal de todas as narrações da autora estão no desenvolvimento e expressão dos sentimentos dos seus personagens. O foco não é necessariamente um ato ou acontecimento, mas, sim, como o personagem sente-se naquele instante com relação ao que está acontecendo por fora e ela nos traz isso também nesse conto, assim como em tantos outros que destacam-se por essa característica.
Para conhecer mais da autora basta acessar o link do blog Nina é uma e para ler o conto resenhado basta adquirir pelo Amazon.