Porque você é longe do comum.


Gostaria que soubesse que lembro da primeira vez que te vi entrar naquela sala no primeiro dia de aula. Em uma cidade pequena, dessas que todo mundo se conhece, estranhei nunca ter visto aquela garota aparentemente tão tímida, sempre andando com o olhar baixo, sem coragem de olhar nos olhos de alguém, talvez por isso ninguém mais tenha te notado ou se importado com sua presença tão discreta, mas eu notei.
Em um final de tarde te vi na praça perto de casa e passei a arrumar desculpas pra passar por ali todo dia naquele horário. Estava sempre com fones nos ouvidos e um livro na mão, entendi como um recado para me manter longe, você não estava ali procurando conversa, muito menos estava interessada em flertes inconvenientes com um babaca do colégio e eu sabia que, aos seus olhos, eu era esse babaca. Então apenas te observei de longe.
Disseram que tinha se mudado com seus pais, mas nada além disso. Você era um mistério pra mim e talvez esse foi o motivo de ter te colocado na cabeça e não conseguir mais tirar. Eu queria te descobrir, saber mais sobre você, mas não tinha coragem de me aproximar, nunca fui bom em falar com garotas e me sentia pior ainda porque você é longe do comum.
Um dia passou ao meu lado no corredor e te chamei, não foi impressão sua, mas quando se virou e me olhou perdi a coragem e nem ao menos tinha pensado no que falar, foi puro impulso chamar seu nome, mas foi a primeira vez que me direcionei a você por mais estúpido que tenha parecido naquele momento.
Naquela festa foi uma surpresa te encontrar. Não sabia que conhecia a aniversariante que, por acaso, é afilhada dos meus pais. Você ficava mais afastada, geralmente eram as meninas da nossa turma que tentavam te fazer se sentir a vontade e eu só olhava de longe tentando tomar coragem pra puxar conversa, mas quando finalmente voltei a te encontrar tinha aquele cara, ele é mais velho, deve entender melhor de garotas que eu, com certeza.
Não tenho mais te visto na praça todas as tardes, chego no horário de sempre e te espero perto do banco que costumava sentar, mas você nunca chega. Agora tem essa garota com quem estudei desde o jardim de infância que sempre senta ao meu lado e conversa sobre coisas aleatórias. Ela é legal, mas estou sempre te esperando chegar e sentar naquele banco.
Hoje, mais uma vez, você não apareceu. Levo minha companheira de espera até em casa e vou embora, amanhã talvez te encontre.


Jéssica de Paula

4 comentários:

  1. Jessi, juro que li isso e pensei: pode virar um livro! HAHAHA. Fiquei realmente imaginando o desenrolar das cenas como num livro! Adorei esse conto, muito fofo! Mas, e aí, vai ter continuação, né? A menina poderia escrever sob a perspectiva dela, eu iria amar! *-* Se for fazer, me avisa, que eu vou querer ler! <3

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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    1. Eu pensei nas duas possibilidades Nina hahahaha, talvez eu desenvolva pra um livro, mas vai demorar um pouquinho. Mas vou escrever sob perspectiva dela logo.

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  2. Ai você começa e ler e quer saber onde essa história pode terminar rss... fiquei curioso para saber mais...

    bjos!

    http://joandersonoliveira.blogspot.com.br/

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    1. Que bom, espero logo logo trazer mais sobre esses dois :)

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